domingo, 22 de maio de 2011

Depoimento da professora Amanda Gurgel



Parabenizo a colega educadora AMANDA GURGEL, por fazer do uso de sua palavra uma explanação do que acontece de ponta a ponta do nosso Brasil. Aqui no Rio Grande do Sul não é diferente, talvez seja até pior, pois aqui é um Estado mais evoluído culturalmente.

Sou professora da Escola Estadual Paulo Freire em Santa Maria-RS, a quase seis anos, fatos como estes e até considerados com mais riscos a vida, perigosos, já aconteceram lá, mas nunca em todos os anos que trabalho nesta instituição percebi tão claramente o propósito sensacionalista ao expor a adolescente. Entendo e percebo a gravidade do uso de qualquer arma ou objeto estranho que venha a ferir ou ameaçar a vida das pessoas devam sim ser afastados e registrados como Atos Infracionais ou se for o caso Delito.
Porém o que lamento hoje é a forma como estão sendo conduzidos os fatos, pois percebo o sensacionalismo que está acontecendo em cima deste fato, sei do agravante dos fatos, mas faltou se levar em consideração que a dolescente está com acompanhamento psicológico e também questiono hoje, porque os demais casos, durante todos estes anos em que atuo nesta escola não foram levados a mídia e não teve mesma repercussão?
O que mudou nesta escola?
Como educadora o que posso dizer é que hoje o perfil desta escola já não é mais o mesmo, pois os educando que hoje eu atendo, foge do perfil da Proposta Pedagógica de Escola Aberta, a maioria são educandos que saíram das demais escolas da rede pública, por indisciplina, falta de limites, por falta de adequação a uma escola tradicional, com dogmas, porém temos sim número muito pequeno, reduzidos de educando com o perfil e característica de escola aberta. Mas os mesmo estão em tratamento, poucos participam das atividades pedagógicas, e quando isto acontece, vejo educadores despreparados para atendê-los, sem conhecimento adequado para uma abordagem e atendimento.
Os nossos educando são adolescentes em situação de vulnerabilidade, estão em situação de rua, mas isso não quer dizer que são de rua a maioria, aqui está à grande diferença.
Em nome do trabalho que realizo com estes educando, pelo respeito e carinho que tenho com as crianças e adolescentes, pela responsabilidade e comprometimento como educadora chamo a atenção da sociedade, fatos como estes na maioria de nossas escolas está acontecendo, porém sensacionalismo , só vai gerar mais violência. Devemos encontrar outro caminho que não a divulgação, publicação na mídia. Quem sai ganhando, a quem estamos promovendo com está notícia. A quem queremos chamar atenção. O que está por trás desta grande notícia em vários jornais e canais de TV?
A sociedade já parou para pensar como vamos fazer para que esta adolescente retorne a escola?
Qual é o verdadeiro Papel da Escola Aberta?
Como vamos reconstruir este sujeito, se jogamos nossas vaidades, nossa falta de conhecimento em cima de um fato, enquanto que muitos outros já aconteceram.
Por que somente este caso da Escola Paulo Freire teve tanta repercussão na mídia. O que mudou?
Também pergunto o que fazemos quando nós educadores sofremos o Bullying de educadores desta escola. Porque fatos como estes não são levados a mídia?Qual é a diferença?
Dirce Aguiar Ribeiro
Escola estadual de Ensino Fundamental Paulo Freire
Escola estadual de educação Básica Augusto Ruschi
Convido está mídia para que conheça o trabalho o qual os educando desta escola realizam na Oficina a qual trabalho com eles no turno da tarde.
Para ilustrar minha fala, vou relatar um momento o qual estávamos comemorando o aniversário de Escola Estadual de Ensino Fundamental Paulo Freire em Santa Maria RS, no mês de Novembro de 2010.


Chegando à escola por volta  das 10h e 30 min no mês de novembro de 2010, para o almoço de comemoração de aniversário da escola, os meninos e meninas de rua correm para me receber a caminho do portão de entrada, com alegria e abraços.
Pela equipe diretiva não fui bem esperada para confraternização, a intenção era que eu não conseguisse a liberação da outra escola para estar nos festejos. Fui vigiada o tempo todo, como se fosse uma estranha no ninho, sendo que aqui é o meu local de trabalho, logo a tarde já seria o meu turno de atividades na escola.
Em meio ao almoço, várias máquinas fotográficas espalhadas, a dos colegas educadores e convidadas, inclusive eu. A festa seguia com alegria por parte dos educando, muitas vezes eu interagia e participava com eles.
No entanto uma das convidadas, a qual interfere nas decisões da escola , grita em alto e bom tom: se alguém publicar minhas fotos eu denuncio e processo, no entanto sua foto sai estampada nos jornais da cidade como se fosse a atual diretor(a). Neste momento só quem não entendia eram os jovens adolescentes que ali estavam inclusive ficando indignados com a postura dessa pessoa chegaram até responder aos desaforos como se fossem ditos a eles. A situação no momento gerou conflitos, agitou os meninos e eu já andava que me cuidava, pois a sensação é que eu poderia ser agredida fisicamente a qualquer momento. Inclusive após o almoço, estava eu no banheiro e essa pessoa empurra a porta e dá uns gritos, tipo, marcando presença e amedrontando.
Também quero lembrar que todas as entrevistas as quais foram dadas a jornalistas, foram dadas por esta pessoa, sendo que ela falou em nome da escola o tempo todo, como se fosse o diretor (a) da escola. Essa pessoa trabalha em outra instituição que não é da Rede Estadual, e sim professora da UFSM.
Todos os presentes entenderam que o recado tinha direção certa, me atingir, pois eu sou uma das educadoras que mexo com a vaidade dessa pessoa, que me posiciono e não apenas acato  suas ordens, tenho conhecimento e procuro fazer da escola aberta uma escola mais participativa. Então era eu o alvo, o insulto tinha uma direção certeira.,era para me atingir. Pois todos entendiam que a única educadora que estava deixando essa pessoa indignada era eu com a criação do blog e com todos os trabalhos que venho realizando com sucesso com os educados.
O blog foi criado com alunos para que os mesmos pudessem interagir e mostrar seus trabalhos, este blog é mais um de nossos recursos didáticos, promovendo assim o uso das novas tecnologias em nossas aulas. Tenho o conhecimento das netiquetas e sendo assim respeito às regras.

Dirce Aguiar Ribeiro

2 comentários:

  1. Antes de tudo, quero parabenizá-la pela iniciativa do Blog, esta ferramenta tem sido excelente para promover comunicação e troca de experiências na educação, como estamos fazendo agora. Se não encontrou o apoio merecido, é triste, mas não importa. O que importa mesmo são as crianças e jovens, esses valem a pena. Amanda Gurgel é professora daqui onde moro RN e esse discurso dela teve uma grande repercussão pela veracidade e humildade de suas palavras. Eu não sei quem é a jovem que foi exposta, de quem se referiu, mas lembrou-me um projeto de lei que, soube a pouco, está para ser aprovado, acrescentando no ECA punição para alunos que enfrentam os professores. lamento que a meta "educar para não ter que punir" tenha falhado tanto assim na nossa sociedade. Um abraço.

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  2. Obrigada pelo carinho e compreensão quanto a importância da realização de um Blog, pois este trás as possibilidades de promover a Educação como um todo, promovendo as TICs, debatendo temas atuais e relevantes que ajudarão a impulsionar a educação para a construção de um novo paradigma, onde a paz nas escolas seja motivo de segurança para quem ensina e para quem aprende.
    Ainda vivemos em uma sociedade do faz de conta que ensina, faz de conta que nada aconteceu enfim é como você diz, o que importa é que estamos formando sujeitos que pensam, que refletem e contestam, são estes que irão transformar o modelo atual de educação e de sociedade.
    Vivemos no século XXI, num país Democrático como o Brasil, mas com práxis retrógada, engessada, inflexível, por isso tanta violência nas escolas.
    Quanto a PL 267/2011 de Maria Aparecida Borghetti, na minha visão como educadora, só vai servir como mais um instrumento de coerção e isto não funciona numa educação libertadora, a qual não usa da violência e do medo para manter o poder e a disciplina.
    O respeito, a autoridade intelectual e moral que os educando devem ter com os educadores, é uma prática que pela própria natureza do exercício da docência ela por si só já exerce autoridade sobre o educando, (De La Taille, 199), então não se faz necessária está lei.
    O que acredito que devemos sim é construir é um novo paradigma de comprometimento do educador para com sua missão, que é educar com competência, com conhecimento, comprometido com uma proposta pedagógica, pois hoje os educando não aceitam ficar nos bancos escolares assistindo aulas que não tenha nada a ver com o mundo o qual convivemos e muito menos aulas repetitivas, verdadeiros monólogos e que não os motivem e nem os façam interagir, questionar, levantar hipóteses.
    O que funciona mesmo é uma educação de qualidade sem violência.
    Um abraço !

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